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A imagem que construí de Lampião na minha cabeça era uma versão de Robin Hood do sertão. Algo meio lendário, mítico. Estava errado e acabei surpreso em conhecer um pouco mais da sua história. Uma história repleta de horror e violência. Mas ainda assim um personagem enigmático e interessante. Além de ser bastante contraditório. 

É um bom livro para quem não sabe muito sobre o personagem real e histórico. É um texto fluído, informativo e com bastante referencial. Apesar disso, o livro não foca na relação de Lampião e Maria Bonita como tende a nos fazer acreditar. A personagem feminina, por sinal, aparece bem pouco no livro. As principais histórias são sobre as incursões do bando de Lampião pelo sertão e enfrentamentos com a polícia. O foco não é na relação deles. 

Como tinha uma visão bastante diferente sobre esses personagens fiquei bastante surpreso como funcionava as relações de Lampião com coronéis e também com a tamanha violência que agia o seu bando ao longo dos anos. 

Enfim, indico a leitura para quem não conhece nada sobre Lampião e Maria Bonita. Acredito que pode ser uma leitura instigante e proveitosa. 

A vida compartilhada em uma admirável órbita fechada é bem escrito assim como o primeiro livro da série. Becky Chambers mantem o foco nas relações interespécies, diversidade de gênero e sexualidade. Ela trabalha de forma simples, mas interessante. O texto é flui fácil o que torna a leitura prazerosa. 

No entanto, o tema não é muito do meu agrado. O debate sobre humanizar IA é algo que não vejo com bom olhos. Mesmo sendo um texto de ficção científica e improvável que aconteça acredito na possibilidade de movimentar um debate caloroso. Não por acaso estamos acompanhando avanços significativos e bastante duvidosos de algumas IAs. Para mim, enquanto houver pessoas vivendo vidas desumanas nenhuma IA deveria ser tratado de forma humanizada. Fora a uso indevido dessas ferramentas.

Enfim, disso a leitura é agradável. Acredito que isso juntamente com a delicadeza de Cahmbers em criar relações bonitas e saudáveis são o ponto maior do livro mesmo com algumas lacunas. É contraditório. Gosto das relações, mas não gosto do tema.

Não tá fluindo como eu gostaria. Talvez tente em outra oportunidade.

As artes são incríveis e o poder de narrativa de Marcelo D’Salete é perfeito. Ele faz um belo trabalho para contar uma parte importante da resistência negra no Brasil. Merece todo o clamor. 

Os anos é uma autobiografia coletiva cultural e política de uma geração através dos anos na França. Annie Ernaux escreve para não esquecer e ter um registro de tudo aquilo que passou. Através das suas memórias, que ela diz ser impessoal, somos transportados no tempo e capturamos as transformações e as mudanças de pensamentos e comportamentos. A evolução da tecnologia e ascensão do capitalismo e seu poder de destruição. Tudo carregado de momentos históricos que impactaram os franceses. Para além disso, ela conseguem elencar o poder da cultura popular através das pessoas, programas, produtos e transpõe isso para o texto. 

É uma obra gostosa de acompanhar e nos traz muito a refletir. Não só sobre a comunidade e nação, mas também sobre as relações familiares, o tempo e suas transformações. Incluindo a globalização. É um texto que nos faz pensar sobre o mundo e a vida. Super recomendo a leitura. O aplicativo da Wikipédia pode ser uma mão na roda para a leitura.

Histórias dentro da história. Sobre um amor singelo depois de tanto sofrimento e abandono. A vontade de aprender a ler e compartilhar o mundo. Esse livro é um alento, um carinho. É um exercício para enxergar o outro além do estereótipo que a sociedade insiste impor. Uma leitura incrível. Fica a recomendação. 

 Eu vi um tanto de terror nessa história. Principalmente pela questão religiosa que me assusta bastante. É um livro sobre como traumas por meio da violência física e psicológica atingem mulheres de uma mesma família e acaba caindo em uma psicopatia religiosa fundamentalista. É pesado. É perverso. É uma leitura muito boa, mesmo achando que o final poderia ter sido diferente mais violento ou até mesmo sobrenatural. Vale a leitura. 

Solitária é um livro que condensa e escancara a vivência de mulheres negras que atuam como empregadas domésticas. Eliana Alves Cruz em nenhum momento quis esconder o que acontece. Sem firulas ela apresenta de forma explícita todos os abusos, as dores, os racismos explícitos e disfarçados. Como tudo isso acaba moldando a vida de quem os sofre e ao seu redor. Ela aponta de inúmeras formas como a branquitude age e se apoia. Este livro é como a violência racial e suas diferentes formas estão presentes nas vidas das pessoas negras. Não adianta os brancos afirmarem que somos todos iguais. Isso nunca foi uma verdade. 

Achei o livro potente, mas algo não me conquistou por completo. Gostei de como a autora conseguiu construir vozes diferentes para a primeira e segunda parte da história. Os narradores inesperados da última parte também são interessantes. Mas a história é muito rápida. É um livro atualíssimo e infelizmente é como se estivesse lendo uma matéria ou assistindo ao telejornal. É um bom livro e fica a recomendação. 

Tem mãe que é a filial do capeta na Terra. Sei que é complicado quando viemos de um histórico de violência e não conseguimos quebrar as correntes. Assim fica difícil de entender e conhecer o amor. Assim levamos a vida sem muitas expectativas e sonhos. 

É um livro com frases bonitas, mas sem uma história marcante.

Este relacionamento está fadado ao fracasso. 

Esse livro tinha tudo para ser muito bom. Eu consegui ver potencial. Principalmente nos capítulos maiores. No entanto, Rooney quis ser simplória e deixar alguns assuntos na superficialidade. Não falo sobre deixar questões para o leitor deduzir, interpretar. Mas sobre não aprofundar nas questões que seriam interessantes. 

Talvez ela tenha feito assim para identificar características dos millennials que são bombardeados por informações sobre inúmeros assuntos e no fim não conseguem se aprofundar em nada. 

É um livro fácil de ler e isso é um ponto positivo. A questão é querer denominar a obra como perfeita representação de uma geração sem ao menos refletir profundamente e trabalhar os assuntos propostos.