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A review by bibilly
As Águas-Vivas Não Sabem de Si by Aline Valek
adventurous
mysterious
medium-paced
- Plot- or character-driven? N/A
- Strong character development? No
- Loveable characters? No
- Diverse cast of characters? No
- Flaws of characters a main focus? Yes
2.5
quando você termina um livro sem entender por quê alguém se daria ao trabalho de escrevê-lo. meu primeiro contato com a autora foi em sua newsletter Bobagens Imperdíveis (a qual deixei de acompanhar por falta de tempo, mas era ótima), e digo com segurança que o peixe que ela tenta vender aqui sairia mais rápido em forma de ensaio, conto ou novela. assim o final não pareceria tão preguiçoso, embora acredite que nem mesmo assim ele satisfaria inteiramente alguém. pensei em dar 3 estrelas pelo capítulo da baleia cachalote,
mas esse e outros trechos de destaque são barquinhos perdidos em alto mar. pois isto não é uma antologia e o que conta é o todo — aquilo que o ilumina num capítulo o desgasta em muitos outros. personificar animais só encanta até certo ponto; e do que adianta tanta prosopopeia quando todos os humanos carecem de personalidade? o narrador tenta provar sem nunca mostrar que a protagonista não é uma tola irresponsável, e sim uma pobre coitada solitária e incompreendida, numa caracterização tão estéril quanto a estação submersa que habita. a história fica presa a esse ambiente e deixa de desenvolver as vidas e motivações dos personagens sem entregar nenhuma trama eletrizante em troca. as pequenas doses de suspense apontam para uma revelação ou clímax que nunca chega, desperdiçando uma ideia e um cenário pouco comuns na ficção. dessa forma, fica difícil não achar a escrita mecânica e robótica. não crua, mas distante. sabe aquele livro cabeça no qual nenhum diálogo soa natural, só que não de propósito? e os personagens parecem não pessoas, mas fantoches? é o debut da Aline Valek. em tentivas de floreio, a narração adquire o tom de um velhinho sentado ao pé da lareira numa noite de natal aumentando as próprias histórias para entreter os netos; ou de um adulto modulando bastante a voz ao ler para uma criança a fim de não entediá-la, recriando pausadamente as passagens mais complicadas (sim, já fiz isso). tenho certeza que para muitos tal recurso pode soar poético ou filosófico, mas a mim dificilmente convence, no máximo me faz destacar algumas linhas que não constroem nenhuma morada na minha memória. o enredo tedioso não ajuda, apesar de eu ter ido umas duas vezes no youtube pesquisar sobre mergulho saturado e câmeras hiperbáricas. enfim, para um livro que se apoia tanto no conceito de "abismo", é tudo muito raso. porém, o segundo romance da Aline também tem um título legal, então estou indo ler.
ps: pra quem se interessou pelo conceito do lado scifi da história, recomendo a trilogia Broken Earth, que também não tem o melhor final do mundo, mas cujo desenvolvimento é bem melhor.
mas esse e outros trechos de destaque são barquinhos perdidos em alto mar. pois isto não é uma antologia e o que conta é o todo — aquilo que o ilumina num capítulo o desgasta em muitos outros. personificar animais só encanta até certo ponto; e do que adianta tanta prosopopeia quando todos os humanos carecem de personalidade? o narrador tenta provar sem nunca mostrar que a protagonista não é uma tola irresponsável, e sim uma pobre coitada solitária e incompreendida, numa caracterização tão estéril quanto a estação submersa que habita. a história fica presa a esse ambiente e deixa de desenvolver as vidas e motivações dos personagens sem entregar nenhuma trama eletrizante em troca. as pequenas doses de suspense apontam para uma revelação ou clímax que nunca chega, desperdiçando uma ideia e um cenário pouco comuns na ficção. dessa forma, fica difícil não achar a escrita mecânica e robótica. não crua, mas distante. sabe aquele livro cabeça no qual nenhum diálogo soa natural, só que não de propósito? e os personagens parecem não pessoas, mas fantoches? é o debut da Aline Valek. em tentivas de floreio, a narração adquire o tom de um velhinho sentado ao pé da lareira numa noite de natal aumentando as próprias histórias para entreter os netos; ou de um adulto modulando bastante a voz ao ler para uma criança a fim de não entediá-la, recriando pausadamente as passagens mais complicadas (sim, já fiz isso). tenho certeza que para muitos tal recurso pode soar poético ou filosófico, mas a mim dificilmente convence, no máximo me faz destacar algumas linhas que não constroem nenhuma morada na minha memória. o enredo tedioso não ajuda, apesar de eu ter ido umas duas vezes no youtube pesquisar sobre mergulho saturado e câmeras hiperbáricas. enfim, para um livro que se apoia tanto no conceito de "abismo", é tudo muito raso. porém, o segundo romance da Aline também tem um título legal, então estou indo ler.
ps: pra quem se interessou pelo conceito do lado scifi da história, recomendo a trilogia Broken Earth, que também não tem o melhor final do mundo, mas cujo desenvolvimento é bem melhor.